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O teste do marshmallow: empreendedores e startups

Li em um blog sobre startups diversos conselhos de um jovem empreendedor, com bons pontos sobre a dificuldade no mercado de serviços. O que me incomoda é sempre encontrar esse anseio da venda precoce da empreendimento, de querer parar o que está fazendo e rapidamente começar algo novo.

Por que tão rápido? Por que uma empresa, um emprego, um livro, um sonho, não pode ser o grande achievement da sua vida? O motivo apresentado é de que “a maioria dos bons empreendedores têm DDA“. Eu diria exatamente o contrário. Poucos empreendedores de sucesso projetaram uma empresa com o intuito de vende-la ou de abandona-la rapidamente por uma outra oportunidade. Os “sócios-fundadores” de emprendimentos de sucesso costumam ter cargos executivos por muito, muito tempo. Devemos combater essa nossa ansiedade e falta de foco, não alimenta-la.

O vídeo (escandinavo?) do teste do marshmallow virou meme, mas ele não é tão meigo quanto parece. As primeiras pesquisas similares foram feitas na década de 60 e, 30 anos mais tarde, as mesmas crianças foram avaliadas em relação a QI, pontuação do SAT, sucesso pessoal e profissional. Preciso revelar qual grupo “ganhou” por uma ampla margem?

Indo além, se o seu plano é de vender sua grande ideia desde o começo, quem vai abraçar a sua causa? Quem serão as pessoas capazes de gerir o negócio quando ele precisar crescer? Em uma geração entupida de diagnósticos precoces de TDAH, e prescrições forjadas de ritalina e modafinil, o vencedor é quem consegue focar, se concentrar e se esforçar mais. Eu sinto admiração por quem sabe concluir o que começa e frustração com minhas leituras inacabadas, promessas não cumpridas e mudanças bruscas de foco.

No filme a Rede Social, Sean Parker cita o caso de Roy Raymond, o criador da rede de lojas Victoria’s Secret. Estudante de administração em Stanford, vendeu a marca que criara depois de menos de 5 anos. Os 4 milhões adquiridos virariam pó em sua nova empreitada, tornando-o mais um na campeã estatística de suicídios da Golden Gate. Fica apenas como curiosidade, já que o senhor Raymond parece ter esperado tempo suficiente para o segundo marshmallow.

Esse conceito de criar e vender startups ASAP me lembra dos livros de Seneca, em que o presente deve ser sempre o mais importante, sem focar o futuro, nem lembrar muito do passado. Realmente não adianta muito poupar um marshmallow se um desastre natural o espera antes da prometida recompensa. Devemos dosar.

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2 comentários em “O teste do marshmallow: empreendedores e startups

  1. “Eu sinto admiração por quem sabe concluir o que começa e frustração com minhas leituras inacabadas, promessas não cumpridas e mudanças bruscas de foco.” Perfeito este trecho, sinto exatamente o mesmo. Ótimo texto.

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