cotidiano

Realengo: culpa do indivíduo ou da sociedade?

Recebi um email de Antonio Afonso, amigo de meus pais. Nele continha um link para esse post que fala sobre a parcela de culpa da sociedade no massacre. Difícil ler, afinal, quantos garotos não foram hostilizados e, mesmo alguns doentes, nunca mataram uma borboleta? Ele não tinha possibilidade de escolha, nenhuma individualidade?

Como um óbvio fã de Dostoiévski (como se algum pseudointelectual não fosse, exceto Nabokov), o dilema me lembra de um dos sermões de mestre Zózima, onde afirmava que todos somos responsáveis por tudo. Monstruoso pensar que existe uma parcela de culpa nossa?

Um post relacionado cita outro caso de massacre estudantil, o de Cho Seung-hui na Virginia Tech. Diz que o motivo “seguramente não foi porque é um “monstro calculista”, como berrou em manchete irresponsável O Globo, sugerindo que a tragédia teria causas individuais e não sociais.“. Seguindo esse raciocínio, fico com medo de que tirem a mesma conclusão para genocidas que governaram diversos países e comandaram guerras e extermínios étnicos. O artigo termina com “Cho não é um monstro. Monstruosa e doente é a sociedade que o produziu, presidida por George Bush, a quem O Globo não chama de “monstro”, embora seja responsável por mais mortes do que todos os assassinos em massa na história dos Estados Unidos” … aposto que alguém poderia modelar uma explicação antropológica para Bush, mostrando que ele não teve escolhas, e a sociedade capitalista é a culpada.

O pai de alguma das crianças vai conseguir perdoa-lo, mesmo considerando-o doente e acreditando que uma parcela da culpa seja da sociedade? Não sei, mas se ele estivesse vivo, seria um forte candidato a terminar como o antagonista de O segredo de seus olhos.

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