literatura

iPad ou Kindle, qual é o melhor leitor digital?

comparativo entre ipad e kindle Em outubro li meus dois primeiros livros em leitores digitais. Li ambos utilizando o software Kindle Reader da Amazon, e variava entre usar o dispositivo Kindle propriamente dito e usar o iPad. Cheguei até a ler pedaços desses livros no reader no próprio Mac e em um celular Android, graças ao fundamental recurso de sincronizar entre aparelhos, possibilitando a leitura a partir da última “página” visitada.

Os livros foram The Humbling, do Philip Roth (na esperança de gostar tanto quanto Everyman) e We, de Yevgeny Zamyatin, precursor de 1984 e Admirável Mundo Novo. Ambos são curtos, mas demorei bastante para ler We, não sei exatamente o porquê: talvez a tradução do russo do começo do século XX para o inglês com palavras novas para mim, ou até mesmo os nomes dos personagens fáceis de confudir, pois são todos números.

Direto ao ponto: dado o peso e preço do iPad, além de sua difícil utilização mesmo para responder emails profissionalmente, o meu campeão é o Kindle. Se futuramente o iPad ficar menor e bem mais leve, poderá justificar seu preço alto. Resultado: vendi meu iPad praticamente sem uso e quero comprar o Kindle do meu pai.

Segurar um iPad sem apoio é bastante cansativo, e, mesmo minha literatura sendo noturna, é bastante incômodo ajustar sua posição até achar uma sustentável. Depois você fica naquele estado de tensão: não pode se mexer ou precisará reorganizar sua postura para que o peso do iPad não consuma toda ATP de seus pulsos. O Kindle é mais leve do que um livro de tamanho médio, sem contar seu tamanho. Já que nunca leio sob sol, o LCD do iPad não seria um problem. Nessa questão de luz, para mim, o Kindle perde um pouco: preciso ligar o abajur para utilizá-lo à noite.

Sobre o software do Kindle (Kindle Reader, para diferenciar do aparelho), que roda tanto no iPad quando no Kindle, ele é idêntico em ambos dispositivos. Acho que há ainda um longo caminho a percorrer: o software só possui dicionário inglês, não possibilita tradução de termos e palavras de maneira fácil e utiliza números e porcentagem em vez de páginas, que é bastante confuso e dá a sensação de você estar parado na leitura. Há pontos positivos que surpreendem, desde a sincronização que falei aqui, até a forma que ele indica as seções mais destacadas por outros leitores, mostrando um futuro promissor de como iremos compartilhar e debater mais os livros.

Algumas edições são péssimas. Desconfie dos preços baixos e leia os comentários. As publicações em português parecem ser oportunistas em sua grande maioria, até mesmo com digitalizações incompletas. Mesmo livros clássicos das principais editoras possuem graves erros, desde layout até de mispelling. Foi o caso com o We, e eu cheguei a dar uma estrela na amazon, dado erros crassos de digitalização (como o absurdo de trocar a letra I pelo número 1! onde está a revisão?). A Amazon respondeu dizendo que repassou ao publisher.

Não faz parte do papel de um leitor digital, mas sobre o quesito internet, onde o iPad deveria brilhar, ainda deixa a desejar: responder emails ou realizar qualquer outra tarefa que utilize o teclado virtual é um sacrifício, para não dizer impossível caso você não tenha um apoio. O browser do Kindle é realmente primitivo, mas se você só necessitar usar a internet em casos de emergência com o seu leitor, ele quebra o galho. Além de ter “3G ilimitado” no Brasil.

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