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Por conta da revista Veja: a língua portuguesa

Vícios de linguagem. A revista Veja publicou um artigo alertando o excesso de uso da locução “por conta de, comparando-a à expressão “a nível de“. Louvável. E curioso.

Curioso: se você fizer uma rápida pesquisa no Google, verá que o site veja.abril.com.br tem mais de 29 mil ocorrências de “por conta de“. Indo além, a revista emprega mais de 2 mil vezes o termo “a nível de”. E para estarrecer: o próprio autor do artigo usa a criticada locução 30 vezes em seu blog!

Como bom anti-vejista clichê, não deixei barato. Twitei para o autor, que me respondeu prontamente na defensiva. Disse que os casos relatados são todos no sentido causal, mas bem que poderiam ser substituídos por “em razão de“, “em decorrência de” ou “devido a“, conforme ele mesmo indicou.

Prefiro ouvir os ensinamentos do Bechara, que aceita muito bem os excessos do popular, a nível de “risco de vida“. Um post curto e chato, por conta da falta de modéstia da revista.

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Carta Capital e Veja

Reinaldo Azevedo, o homem-dicionário-etimológico-sinônimos-antônimos da Veja, blogou sobre o recente desabamento de solo em uma obra do PAC. Politiza, dramatiza e escarnece situações como essa em diversos posts.

Há quatro anos, reclamou da imprensa no caso do desabamento do metrô em São Paulo, justamente pela odiosa politização. Jogou com as palavras, intitulando-o de buraco do jornalismo. Isso lembra muito de como a Veja tratou a culpabilidade do estado nos desastres pluviais.

Claro que houve exageros e Reinaldo Azevedo bem observou. Aliás, no caso do massacre do Realengo, foi coerente ao defender a posição de Marco Maia do PT.

E a Carta Capital? Bem, faz tudo ao contrário. Faz capa com o buraco e põe o estado dentro dele. Só faltou escrever PSDB. Como ela anunciou a queda do solo da obra do PAC? Não sei… e procurei bastante.

Mais parcial que isso, apenas comentarista de futebol. Qual o problema? Nenhum, apenas parem de levantar a bandeira da imparcialidade política!

PS: quem nunca viu, vale assistir o Reinaldo, o cara que sempre me impressionou com o português pra lá de refinado, se debatendo em faniquitos na sua entrevista ao Jô. Apelar para o mimiquês e usar tom de galhofa mostra que até o Lula é mais tranquilo quando afirma em off que tênis é esporte de burguês.

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